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Como negociar seu salário em um novo emprego

Saiba como negociar seu salário em um novo emprego (não cometa estes 4 erros!)

por Adeline Daniele
Publicado: Atualizado em: 0 comentário

Se você já teve dificuldade em negociar seu salário e já aceitou ganhar abaixo de suas expectativas em um novo emprego, este artigo é para você!

Conversar sobre dinheiro para muita gente ainda é um tabu. Muitas vezes por simples medo de negociar as pessoas acabam aceitando cargos e salários que não condizem com as suas experiências ou suas necessidades do momento.

Mas, olha, estou aqui pra te falar que caso você não mude sua mentalidade esse “medo” pode te custar muito dinheiro no futuro. Tipo: muito mesmo, tanto que uma pesquisa até afirma que a perda pode chegar a 1 milhão de dólares.

É só você fazer as contas de quanto você perde ao longo de 5 anos se começar sua carreira numa faixa salarial de 1.8 mil reais em vez de pedir 300 reais a mais mensais (2.100 mil), o que é uma margem bem possível de negociar.

Ou seja: R$21.600 contra R$25.200 anualmente. Calculando progressivamente, e considerando ganhos incrementais de apenas 3% anuais – que é o que algumas empresas oferecem, você terá no fim dos 5 anos uma perda de quase R$24 mil reais. Isso sem nem considerar 13º salário e a inflação.

E… depois não adianta: por mais que você goste do que faz em uma determinada companhia, a questão financeira pode gerar estresse e fazer com que sua motivação caia com o tempo, formando uma bola de neve de frustrações.

Eu também já passei por isso e achava que era impossível conseguir tirar uns reais a mais da empresa ao ser contratada.

No início da carreira o frenesi por ter sido aceita a em algum lugar por si só já me premiava e eu não pensava no longo prazo, no mercado, nos meus planos futuros.

Já cheguei até a colocar como expectativa salarial o limite mínimo que a empresa havia anunciado em vez do máximo por pura insegurança, sem nem pesquisar o quanto alguém da mesma área também ganhava.

No fim, passei uns bons anos ganhando a mesma coisa ou até menos do que em empregos anteriores, com reajuste negativo em relação a inflação. Portanto, aquele dinheiro a mais que não pedi fez bastante diferença.

Se identificou aí do outro lado da tela? Pois é.

Mas, depois de passar por muita frustração e de começar a pesquisar mais sobre isso, descobri o quanto esse problema é comum entre jovens, e ainda mais com mulheres (e esse é um dos fatores que nos leva a ganhar menos que os homens). 

Lá nos EUA, por exemplo, apenas 39% dos profissionais entrevistados em uma pesquisa da Robert Half haviam negociado uma oferta maior em relação aos seus últimos empregos. E quando falamos da nossa geração, esse número cai para 37%.

Duas das razões mais citadas para essa relutância era o fato de esses jovens se sentirem desconfortáveis no processo de negociação e medo de parecerem agressivos/ intrusivos.

Mas então, como fazer com que negociar o salário não seja um obstáculo em sua vida profissional?

Primeiramente você precisa saber que é normal sentir um desconforto em suas primeiras experiências ao negociar salário – como em quase tudo que você faz pela primeira vez na vida.

E além disso, toda empresa sabe que pode existir uma certa resistência na negociação com novos contratados. Então, não há motivo para se preocupar em parecer um “chato” fazendo isso. 

Claro que se você agir de forma arrogante e deseducada isso vai impactar negativamente, porém o fato da negociação existir nunca é o problema!

Dito isto, existem diversas maneiras de sair mais feliz em uma negociação de salário ao receber uma nova proposta de emprego. Mas, antes de mais nada, vou te pedir para que você pare imediatamente cometer os seguintes erros:

Os maiores erros cometidos na ao negociar salário

Erro 1: Aceitar a primeira proposta da empresa sem tentar negociar

A primeira coisa que eu quero que você entenda é que você não precisa confirmar se aceita uma proposta de emprego logo na primeira vez que receber a ligação do recrutador.

Esse foi um erro que eu cometi demais em vários empregos.

Até um tempo atrás eu sequer sabia que existia uma chance de negociar salário. Então eu pensava que se eu pedisse mais dinheiro, a empresa automaticamente me rejeitaria e iria para o próximo candidato, ou que eu sairia com meu perfil “queimado”. 

Mas, calma, isso não acontece!

Nenhuma empresa rejeita o candidato no momento em que faz uma oferta simplesmente se ele perguntar se é possível ter um salário maior.

Então, mesmo que o desemprego ou a ansiedade te pressionem para dizer sim imediatamente, resista a esse impulso inicial e se posicione de forma que você possa ganhar tempo para analisar a proposta.

Lembre-se: é sempre melhor negociar ao entrar na empresa do que tentar aumentar seu salário depois

Então, o melhor momento para falar disso é exatamente antes de você assinar qualquer contrato.

Erro 2: Não pesquisar a faixa salarial paga para o novo cargo

Imagina só: passam-se os primeiros meses na empresa e em uma conversa informal você acaba descobrindo que seus colegas de profissão – que têm o mesmo cargo e tempo de experiência – ganham uma boa soma a mais do que você.

Isso acontece tanto porque eles provavelmente souberam negociar melhor do que você, quanto porque a média paga no mercado pode ser maior do que você previa. 

E compensar o fato de não ter tido essa informação antes pode sair muito caro – e fazer com que você precise esperar um bom tempo até alcançar essa “média ideal”.

Erro 3: Responder à pergunta “Qual sua pretensão salarial?” com um valor fixo.

No início do processo seletivo, o recrutador pode te perguntar qual sua pretensão salarial antes mesmo de você passar para as próximas fases.

E não à toa: dependendo do valor informado pelo candidato, ele pode ser desclassificado por mostrar ter mais ou menos experiência do que o cargo pede.

Eu particularmente não gosto de ser a primeira a falar sobre dinheiro na entrevista inicial e já rebato a pergunta querendo saber se eles já têm uma margem para aquela vaga.

E ainda que você já tenha o valor exato para informar, é preciso tomar cuidado ao falar sobre essa pretensão.

O ideal é que você não informe um valor fixo (principalmente se não tiver pesquisado a média salarial paga para aquele cargo ainda), e sim uma faixa. Ou seja:

Em vez de falar:

“Quero ganhar 3.500 reais mensais”

Você oferece uma margem já mais alta do que essa:

“Procuro um salário entre 3.700 e 4.100 reais”

Oferecer essa faixa – baseada na média do mercado – te dará a vantagem de negociar e pedir um pouco mais de dinheiro ao fim do processo.

Erro 4: Não considerar seus objetivos profissionais e pessoais

Além da média salarial paga no mercado de trabalho para a sua profissão, muita gente esquece de considerar fatores básicos ao calcular e informar a pretensão salarial. 

E ao contrário do que muita gente interpreta: emprego não é favor. Pensar nos seus objetivos pessoais e profissionais longo prazo te faz um profissional muito melhor e mais feliz.

Afinal, o seu tempo custa dinheiro. A sua casa, seu trajeto até o trabalho, os cursos que você paga para se aprimorar, a escola e o material dos seus filhos, seu lazer, a sua alimentação…Tudo tem um preço. 

Você precisa saber quanto sua vida e os seus sonhos custam. 

Aumente suas chances de sucesso ao negociar um novo salário

Negociando salário

Agora que você já sabe sobre os maiores erros que você não deve cometer ao negociar um salário, é hora de se preparar para a próxima oferta de emprego que receber!

Antes de mais nada: Keep it real – Seja realista

Não é porque você sempre tem a chance de negociar e aumentar uma oferta salarial que você vai pedir “o que quiser”. 

Como eu já disse uma vez nesse post do Instagram, o valor ideal do seu salário precisa ser compatível com fatores como:

  • A faixa salarial paga no mercado para seu cargo, nível de experiência e até mesmo a região onde mora
  • Seus objetivos profissionais e pessoais (em que você quer investir a sua grana? Novos cursos, uma pós? Viagens? Comprar uma casa?)
  • Seu custo de vida (dá para se manter ganhando esse valor oferecido e ainda bancar coisas importantes como educação, lazer, saúde e bem-estar?)

Enquanto que para calcular seus objetivos e seu custo de vida você precisa ter um orçamento pessoal, saber o salário pago no mercado para sua profissão requere um pouco de pesquisa.

Além de perguntar para colegas de profissão e de trabalho, você deve usar como base fontes oficiais e estudos. Aqui vão alguns exemplos:

  1. Glassdoor: nesse site é possível checar a média salarial paga em empresas e por cargo, além de feedback de funcionários sobre as companhias
  2. SalarioBR: nessa simples plataforma você pesquisa pelo nome da função e são apresentadas as faixas salariais por nível profissional e por tamanho da empresa
  3. Mapa de Carreiras do VAGAS: plataforma interativa para consultar salários e outras informações sobre várias profissões e cargos no Brasil

Pesquise em pelo menos três serviços/ fontes diferentes para que você obtenha uma média realista do quanto é possível pedir para a empresa te pagar no momento. 

E não esquece de colocar na balança quantos anos de experiência você tem e suas habilidades técnicas (das mais simples às mais caras e difíceis de encontrar).

Pratique suas habilidades de negociação e a persuasão

Essa é a parte mais difícil do processo, afinal ela requere paciência e você precisará lidar com seus medos e ansiedade.

Se você já passou pela peneira do recrutamento e eles desejam te contratar: respira fundo, o pior já passou.

Agora é hora de usar a persuasão – que foi tão boa para fazer com que você conseguisse a vaga – para obter a melhor condição possível antes de assinar o contrato.

  • Primeiro de tudo, agradeça pela oportunidade e pela ótima notícia que acaba de receber, mostre que você está feliz em trabalhar para a nova empresa
  • E em relação à oferta, você pode rebater com duas questões: 
    • 1 – Peça para o recrutador enviar a oferta oficial por e-mail para analisar tudo (não somente salário, mas benefícios, descrição do cargos, carga horária, etc.)
    • 2 – Pergunte quando a empresa precisaria de sua resposta e peça um tempo para analisar a proposta

Com esse tempo você elabora a sua estratégia de negociação e reúne dados que irão te favorecer.

Por exemplo: se o salário oferecido pela companhia estiver abaixo da média do mercado ou seu nível profissional, você pode se prontificar a mostrar isso para a empresa com suas pesquisas.

E é no momento de fazer essa contraproposta que você precisa ter jogo de cintura.

Muita gente tem medo dessa parte pois acha que a empresa irá recusar o candidato que pedir mais dinheiro. Mas, como eu já disse, isso não vai acontecer. 

O ideal é que você marque um horário para falar com o recrutador e comece o diálogo reforçando os pontos positivos da vaga que te fazem querer muito trabalhar ali.

Nessa conversa é importante que você comente sua preocupação em relação à oferta. Então, dependendo do seu caso você trará os argumentos, como:

  • A comparação entre a faixa salarial oferecida e a informada para seu nível de experiência
  • Seus diferenciais (habilidades adquiridas, cursos, etc.)
  • Sua preocupação em relação à estabilidade nessa vaga (caso seja um trabalho temporário, é importante que você ganhe um pouco a mais, já que muitas vezes benefícios e segurança social ficam de fora dessa conta)
  • Ou até mesmo o fato da oferta ser praticamente igual ao que você já ganha no momento

Com argumentos como esses em mãos, em vez da abordagem ou tudo, ou nada você vai pedir para que o recrutador veja o que é possível fazer para melhorar essa oferta. 

Perguntas guiadas por “O que é possível fazer…” e pela palavra “Como” criarão mais chances de o recrutador retornar para seus gerentes e renegociar a oferta depois. Um exemplo: 

Eu gostei muito da oferta da empresa e estou muito empolgada para trabalhar com vocês. A única coisa que pesa para eu tomar a decisão no momento é a questão salarial. Pelo que vi na oferta que você me enviou, o salário para esse cargo é de X mil reais por mês, e no momento eu procuro algo entre X,5 ou Y mil para mudar para esse novo emprego, já que essa é a média paga geralmente nessa área. Você pode, por favor, verificar o que é possível fazer para chegarmos em um desses valores?

Percebe como você não rejeita a oferta, mas deixa claro que gostaria de negociar e que de acordo com seus argumentos e os dados que você tiver um aumento sobre o valor inicial pode fazer sentido? 

O maior medo: e se a empresa disser NÃO para sua contraproposta salarial?

Para qualquer coisa que você for pedir na sua vida você poderá ouvir um sim, ou um não.

Isso é perfeitamente normal e não será o fim do mundo caso a empresa te diga que não consegue alcançar o valor desejado. Você avaliará se ainda assim vale ou não a pena aceitar isso.

Às vezes a empresa tem um limite de gastos com aquela vaga e alguns recrutadores são transparentes em relação a isso. 

Caso esse limite seja informado para você e mesmo assim a oferta seja abaixo disso, você pode pedir para que a proposta seja reajustada para o valor máximo.

Caso contrário, ainda existe algo que você pode fazer, que é: negocie além do dinheiro. Veja abaixo alguns exemplos do que você pode questionar:

  • É possível adicionar ou melhorar o pacote de benefícios oferecidos (um melhor plano de saúde, talvez)?
  • Existe a possibilidade de você diminuir a carga horária e assim adequar o salário ao seu preço/ hora? 
  • Ou de conseguir dias a mais de férias? 
  • Ou de dar uma alterada no nome do cargo para que isso ajude a turbinar ainda mais seu currículo no futuro?
  • Ou de pagarem alguma certificação ou curso para você performar melhor no cargo?
  • …ou de explorar qualquer outra vantagem que a empresa possa oferecer para se tornar mais atraente diante do seu emprego atual, para que a mudança compense (se for o caso)?

Se você chegou até aqui e ainda tem medo de tentar negociar seu salário, vou só deixar mais um lembrete: nenhuma empresa sai no prejuízo quando reajusta a quantia oferecida. Se ela aumentou a sua oferta inicial de salário, é porque ela podia fazer isso.

Então, começa a praticar essa habilidade de negociar o quanto antes e no futuro você se sentirá cada vez mais confiante. O seu eu (mais rico) do futuro vai te agradecer muito. 😉

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Até a próxima!

Imagens do post: Freepik.com

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faça as pazes com sua vida profissional

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Eu mergulhei no mundo de conteúdos sobre carreira e trabalho em 2013, quando ainda era repórter, e ali me dei conta do quanto a gente sai da escola e da faculdade sem ter ideia de como lidar com o mercado de trabalho.

 

 

Eu mesma tantas vezes me vi em situações “cabeludas”, recebendo menos do que poderia pelo meu trabalho e passando dificuldades para entender o que diabos os recrutadores esperavam de mim no processo seletivo.

 

 

Foram muitos anos de experiência, erros e acertos na minha própria carreira e uma mudança de país que mudaram tudo o que eu penso sobre trabalho. E pra evitar que mais pessoas tenham essas dificuldades, hoje tenho a meta de compartilhar cada aprendizado sobre vida profissional com o máximo de pessoas possível no Brasil e fora dele!

 

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